Nova fase reúne cantoras negras brasileiras e cabo-verdianas sob a temática “Oralituras”

A série documental Diaspóricas, criada no Centro-Oeste para dar visibilidade a mulheres negras na música, chega à 4ª temporada em fase de pós-produção e inicia um processo de internacionalização ao atravessar o Atlântico para filmar em Cabo Verde. Idealizado e dirigido por Ana Clara Gomes, o projeto parte da ideia de “retorno” à África como necessidade simbólica para pessoas negras da diáspora, que buscam se compreender a partir de memórias ancestrais do continente-mãe. Nesta temporada, a equipe gravou em Praia, Cidade Velha e Tarrafal, com a temática “Oralituras” guiando o foco para as tradições orais e para a voz de mulheres africanas como inscrição de memória e aproximação cultural entre Brasil e Cabo Verde.
Entre as artistas cabo-verdianas convidadas, está Zul Alves, cantora da cidade de Praia que se define como “tradicional moderna” e trabalha a fusão entre raízes e novas tendências no álbum Buska. Ela relata que participar da série foi uma experiência de partilha profunda, ao ver um grupo de brasileiros percorrendo Cabo Verde para documentar histórias de mulheres negras artistas e refletir sobre identidade, arte e pertença. A temporada também conta com Fattú Djakité, Kady (com gravações em Lisboa) e o encontro da brasileira Nara Couto com o grupo de batucadeiras Delta Ramatxada, representantes do batuku, ritmo tradicional cabo-verdiano, com apoio do Centro Cultural Brasil–Cabo Verde.
Mais do que registrar, Diaspóricas propõe encontros: durante as filmagens, realizadas entre 25 de junho e 11 de julho, houve exibições de episódios das primeiras temporadas, rodas de conversa e sessões com filmes do coletivo Nhãnha, de cineastas e pesquisadoras cabo-verdianas, fortalecendo o intercâmbio entre realizadoras dos dois países. A fotógrafa da série, Juliana Cordeiro, descreve a viagem como experiência transformadora, ao reconhecer “partes de si em cada rosto e canto de rua” em Cabo Verde e perceber que seu trabalho com imagem também é ato de afirmação e continuidade das histórias de mulheres negras.
Desde 2022, Diaspóricas já lançou três temporadas e desdobrou-se em festival, sempre com foco em protagonismo negro na música e no audiovisual do Centro-Oeste. A 4ª temporada amplia esse horizonte ao inscrever o projeto em uma cartografia diaspórica mais ampla, na qual as vozes de artistas negras de Brasil e África se cruzam em canções, depoimentos e performances, reforçando a série como espaço de memória, troca e celebração de atravessamentos afromusicais.
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