Semana de Cinema Negro celebra Viviane Ferreira em BH

Com sessões gratuitas e debates, evento homenageia mulheres negras no audiovisual e traz ícone do cinema afro-americano ao Brasil

Divulgação

A 5ª Semana de Cinema Negro de Belo Horizonte começa nesta quarta-feira, 16 de outubro, e segue até o dia 24, em uma edição que amplia sua força política, afetiva e artística. Totalmente gratuita, a programação ocupa o Cine Humberto Mauro e o Cine Santa Tereza, reunindo mostras, debates, encontros formativos e exibições de clássicos do cinema negro mundial. A grande homenageada deste ano é a cineasta e gestora Viviane Ferreira, uma das vozes mais potentes do cinema contemporâneo brasileiro.

Na tradicional Sessão Homenagem Maria José Novais Oliveira, Viviane tem sua trajetória celebrada pelo olhar plural que articula arte, política e ancestralidade. Seus curtas e o documentário “Afrolatinas – Mulheres negras em movimento”, ainda inédito, revelam um cinema de escuta e resistência. Inspirado em suas próprias palavras — “sigo brigando com o mundo para ter o direito de experimentar” —, o tributo torna-se também uma afirmação: o cinema é espaço de invenção e liberdade para as mulheres negras.

Outro destaque da edição é a presença inédita no Brasil do lendário Charles Burnett, diretor de “O Matador de Ovelhas” e ícone do cinema afro-americano. Com curadoria de Janaína Oliveira, a mostra “Cotidiano Revolucionário” apresenta três de seus filmes restaurados e uma conversa ao vivo com o cineasta no dia 18. Premiado com o Oscar Honorário, Burnett é celebrado por retratar, com realismo e sensibilidade, a vida cotidiana da população negra nos Estados Unidos — um cinema onde as pessoas “aparecem simplesmente sendo”.

A Semana ainda reserva espaço para o cinema pernambucano na sessão especial “Vampiros à Luz do Meio-Dia”, dedicada ao realizador Luiz Lourenço, um dos pioneiros do audiovisual negro nordestino. Com exibições de obras recém-restauradas e rodas de conversa, o festival reforça seu compromisso em reconstituir a memória e a pluralidade do cinema brasileiro. Mais que uma mostra, o evento é um encontro entre gerações, mares e vozes — um mergulho profundo nas imagens que insistem em transformar o mundo.

 

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