“Quase agora”, de Danilo Heitor, mapeia futuros possíveis

Coletânea da Editora Folheando reúne 25 contos escritos entre 2020 e 2023, com finalistas do Prêmio Odisseia em 2024 e 2025

Divulgação

O paulistano Danilo Heitor lança “Quase agora” (212 págs., Editora Folheando), uma coletânea de 25 contos de ficção científica que cruzam imaginação futurista e tensões do presente. Escrito entre 2020 e 2023, o livro aborda impactos de tecnologias emergentes, encontros entre épocas e civilizações e dilemas ético‑políticos do nosso tempo. O tom é direto e inquieto: a FC como lente para discutir poder, tecnologia, desigualdade e emergência climática — sem perder de vista as relações humanas que sustentam (ou implodem) qualquer futuro possível.

A edição organiza os contos em quatro blocos temáticos. Em “Novas tecnologias”, a inovação aparece com promessas e efeitos colaterais; em “Viagens”, deslocamentos temporais e espaciais tensionam cultura e identidade; “Distopias” encena dominação e resistência; e “Utopias” lembra que diferença não precisa rimar com violência. Dois textos da coletânea — “A visagem do ovo” e “Retirante em Tóngbù” — chegaram à final do Prêmio Odisseia de Literatura Fantástica em 2024 e 2025, sinalizando a força crítica e imagética do projeto.

Heitor destaca um processo de escrita coletivo, forjado em oficinas e comunidades literárias como Revista Mafagafo e Editora Escambau. O resultado é plural: do humor ao sombrio, do lirismo às formas experimentais — casos como “Alarme” e “Monkey Man”. As influências atravessam Octavia Butler, Ursula K. Le Guin, o punk rock e referências do cinema de FC (Alien, Planeta dos Macacos, 2001), compondo um mosaico de estilos para pensar tecnologia, comunidade e futuros habitáveis.

Mais que inventariar catástrofes, “Quase agora” insiste em imagens de esperança crítica — utopias minoritárias que abrem frestas no presente. Ao levar dois contos às finais do Odisseia e ver um texto traduzido para o inglês, o livro consolida uma virada na trajetória do autor: escrever como prática comunitária e política. E ler, aqui, é exercício de imaginação pública — perguntando quem seremos quando o “quase” virar “agora”.

 

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