Guilherme Mauad, diretor da Americana Jazz Big Band, fala sobre os desafios de reunir músicos, equilibrar egos e transformar talento em trabalho coletivo

Na Netflix, a série “Montando a Banda” viralizou ao mostrar o processo de formação de grupos musicais a partir de audições às cegas. Mas longe das câmeras e dos reality shows, o desafio de montar uma banda no mundo real é ainda mais complexo — especialmente quando se trata de uma big band com 17 integrantes.
“É como tentar alinhar a agenda de 17 Taylor Swifts”, brinca Guilherme Mauad, guitarrista, arranjador e diretor da Americana Jazz Big Band, grupo formado por músicos de alto nível do interior paulista. Segundo ele, montar uma banda vai muito além de encontrar pessoas talentosas: é preciso lidar com logística, linguagem musical, temperamento e, principalmente, comprometimento.
Para Mauad, a técnica musical é apenas o começo. “Tocar bem já virou pré-requisito. O diferencial é o quanto a pessoa está disposta a se comprometer com o projeto”, afirma. E completa: “Prefiro alguém menos habilidoso, mas comprometido, do que um talento que não aparece nos ensaios.”
Outro critério decisivo é o domínio da linguagem musical. “Às vezes o músico é excelente, mas vem de uma pegada mais erudita ou pop. Se ele não entende a linguagem do jazz, não encaixa. A música tem sotaque, e o público sente quando isso falta”, explica.
Mas o maior equívoco, segundo Mauad, está em não enxergar a banda como um trabalho de verdade. “Tem gente que acha que viver de música é só fazer o que gosta. Mas toda profissão tem a parte chata, e na música isso inclui desde ensaios cansativos até escrita de editais e conversas com contratantes.”
Convivência e visão de futuro
Convivência e visão de futuro também pesam. “Se o grupo não compartilha valores e objetivos, a banda não sai da garagem. Precisa ter gente disposta a trabalhar por algo maior que a própria vaidade”, diz ele. Na Americana Jazz Big Band, isso significa cuidar da produção, das redes sociais, dos contratos e da relação com o público.
Apesar de tanta estrutura, ainda há espaço para individualidade. No jazz, o improviso é sagrado. “Mesmo com 17 músicos, cada um tem seu momento de brilhar. O improviso é onde a personalidade aparece, e a gente faz questão de abrir esse espaço.”
Ao longo dos anos, Mauad viu bandas se desfazerem por causa de egos inflados, falta de alinhamento e ausência de seriedade. “Para durar, o grupo precisa de gente que tope fazer o trabalho difícil e pense como equipe, não como estrela”, resume.
O sucesso da Americana Jazz Big Band — hoje referência no circuito paulista e com turnê gratuita financiada pelo ProAC — veio justamente da combinação entre excelência musical e organização profissional. “Só conseguimos atrair os melhores músicos porque mostramos que o projeto era sério. A gente valoriza o músico como ele merece e oferece condições para que ele se desenvolva.”
A big band é um exemplo de como o jazz, mesmo com raízes centenárias, continua atual e desafiador. E por trás de cada solo de saxofone ou arranjo sofisticado, há muito mais do que talento: há estrutura, dedicação e gente disposta a fazer dar certo — mesmo sem câmeras por perto.
Atualmente
Atualmente, a Americana Jazz Big Band está em turnê gratuita por diversas cidades do interior do estado de São Paulo, com apresentações financiadas pelo ProAC – Programa de Ação Cultural do Governo do Estado. A agenda inclui paradas em municípios como Bauru, Campinas, Nova Odessa, Santa Bárbara d’Oeste, Santo Antônio do Pinhal, Santos e Americana. As datas completas e locais de apresentação estão disponíveis no perfil oficial da banda no Instagram: americanajazzbigband.
Série é Semana Pop
Fonte: Mariana Yole | DJ Sound media group
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