Instalação site-specific atravessa muros e investiga equilíbrio
A artista paulistana Marcia Pastore apresenta “Cabodá” na Capela do Morumbi, instalação inédita que nasce dos furos originais da taipa de pilão para conectar interior e exterior do edifício. Gangorras de ferro e argila atravessam a parede do altar, trasformando marcas de ausência em corpo escultórico e instaurando um jogo de forças invisíveis sobre espaço, memória e equilíbrio.
O projeto, selecionado pelo 1º Edital de Artes Visuais do Museu da Cidade de São Paulo, parte dos “cabodás” — travessas que sustentam o molde da taipa e deixam orifícios quando retiradas. Pastore utiliza esses vazios como eixo para um sistema de contrapesos que se equilibra sem contato visual, onde a parede é limite e mediação, presença e separação, revelando a arquitetura como organismo vivo.
Em processo de imersão, a artista explorou uma olaria no interior paulista para moldar peças de argila: blocos cerâmicos industriais foram deformados até ganharem forma cilíndrica e ressoar a geometria dos vazios. O gesto, quase performático, afirma uma ética de diálogo com a matéria — aprender com sua resistência, sem dominá-la — e traduz o embate sensorial entre corpo e construção.
Com mais de três décadas de pesquisa sobre materiais, gravidade e pontos de apoio, Pastore já exibiu em instituições como Pinacoteca, CCBB-RJ, MuBE e Fundação Ema Klabin. Em “Cabodá”, depura a moldagem como metáfora espacial: a escultura se confunde com a estrutura que a sustenta, fazendo da Capela do Morumbi um campo de forças onde o que não se vê ampara o que se torna visível.
SERVIÇO
Exposição: Cabodá, de Marcia Pastore
Abertura: 16 de novembro de 2025 (domingo), das 11h às 15h
Visitação: até 31 de maio de 2026
Local: Capela do Morumbi – Av. Morumbi, 5387, Morumbi, São Paulo
Horário: terça a domingo, das 9h às 17h
Entrada gratuita
Realização: Museu da Cidade de São Paulo/Secretaria Municipal de Cultura e Economia Criativa
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