Remixes e parcerias iluminam fases distintas da trajetória do artista franco‑espanhol

Depois do álbum “Viva Tu”, em que transformou viagens, encontros e afetos em canções que atravessam fronteiras, Manu Chao apresenta o EP “La Couleur Du Temps”, um novo capítulo que reafirma sua liberdade criativa e seu espírito errante. O projeto reúne sete faixas que costuram passado e presente: canções recentes, clássicos de sua discografia e novas versões eletrônicas que deslocam sua música das ruas e praças para a pista de dança. Em vez de seguir uma lógica de mercado, o EP funciona como mais um fragmento de vida compartilhado, fruto de deslocamentos, amizades e cruzamentos culturais.
O disco inclui “Tom & Lola” e “La Couleur du Temps”, originalmente presentes em “Viva Tu”, reapresentadas aqui em suas versões originais e em remixes assinados por Mariano Mellino, nome em ascensão na cena eletrônica argentina. Nas reinterpretações, a textura acústica e quase sussurrada cede espaço a graves aveludados, batidas marcadas e atmosferas sintéticas que preservam a delicadeza das composições enquanto as empurram para um universo mais clubístico. O contraste entre violões íntimos e pulsos eletrônicos ressalta justamente a capacidade de Manu de circular entre formatos e públicos sem perder sua identidade nômade.
Outra peça central do EP é o remix de “La vie à 2”, faixa de “Clandestino” (1998), que retorna para ganhar nova camada de sentido. A canção, que fala de um amor vivido na intimidade, de carícias, remorsos e despedidas, é originalmente quase murmurada, como se o narrador confessasse sentimentos prestes a se apagar. Na nova versão, o DJ e produtor Demayä transforma essa confissão em pista: o vocal melancólico passa a habitar o coração de uma boate sem filtros, onde corpos dançam até esquecer perguntas e culpas. A reedição não apaga a dor da letra, mas a converte em catarse coletiva, como se o esquecimento temporário da dança também fosse uma forma de cura.
O EP ainda revisita parcerias emblemáticas e lados mais raros da obra de Manu Chao. “Sénégal Fast Food”, feita com Amadou & Mariam em 2004, reaparece como um lembrete urgente dos deslocamentos forçados, das viagens geradas pela miséria e pelas desigualdades, ressoando de forma ainda mais intensa em um mundo tomado por discursos fechados e excludentes. Já “L’Automne est las”, retirada do álbum em francês “Sibérie m’était contée”, traz de volta um pop de melancolia colorida, que evoca a poesia de Jacques Prévert enquanto o outono, a chuva e as folhas caindo anunciam fins e recomeços. Fechando o conjunto, “Où tu veux, on y va”, gravada com o parceiro de longa data Gambeat, mistura dub, reggae e um espírito sem fronteiras para celebrar os prazeres simples da vida: um “táxi sem destino” em que importa menos o ponto de chegada e mais a jornada compartilhada, mantendo vivo o sopro de humanidade que sempre guiou Manu Chao.
nclui canções e remixes de seu último álbum, Viva Tu – Ouça aqui
Assista ao videoclipe de
“Tom Et Lola” aqui
Assista ao videoclipe de
“La Couleur Du Temps” aqui
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