Exposição sobre Laudelina de Campos Mello

IMS Poços apresenta exposição sobre Laudelina de Campos Mello, pioneira na luta pelos direitos das trabalhadoras domésticas no Brasil

Exposição sobre Laudelina de Campos Mello
audelina de Campos Mello. Autoria não identificada. Acervo Sindicato das Trabalhadoras Domésticas de Campinas.

O Instituto Moreira Salles (IMS) de Poços de Caldas abre, no dia 22 de março (sábado), a exposição Dignidade e Luta: Laudelina de Campos Mello, dedicada à vida e à luta de Laudelina de Campos Mello (1904-1991), uma das mais importantes militantes pelos direitos das trabalhadoras domésticas no Brasil.

Nascida em Poços de Caldas no ano de 1904, Laudelina foi pioneira na organização de sindicatos para a categoria e na luta contra a exploração do trabalho doméstico, que historicamente carrega resquícios do sistema escravocrata brasileiro.

A exposição reúne fotografias, matérias de imprensa, documentos e objetos pessoais de Laudelina.

Em diálogo, são exibidas obras de 41 artistas de várias gerações e regiões do país, como Rosana Paulino, Bispo do Rosário, Heitor dos Prazeres, Emicida, Arjan Martins, Madalena Santos Reinbolt, Maria Auxiliadora e Dayane Tropicaos, que discutem o tema do trabalho doméstico, numa intersecção entre o legado de Laudelina e as lutas contemporâneas.

A curadoria da exposição é de Raquel Barreto e Renata Sampaio, com assistência de Phelipe Rezende.

Laudelina iniciou sua militância ainda jovem, aos 16 anos, em uma Poços de Caldas segregada, onde a comunidade negra enfrentava dificuldades para acessar espaços públicos e culturais.

No decorrer de sua vida, fundou duas associações de trabalhadoras domésticas, em Santos e Campinas, respectivamente em 1936 e 1961, que depois se tornaram sindicatos. Integrou a Frente Negra Brasileira, a maior organização negra do século XX, sendo uma das responsáveis pela criação do departamento doméstico da instituição.

Durante a Segunda Guerra Mundial, integrou a Organização Feminina Auxiliar de Guerra. Também foi filiada ao Partido Comunista e ao Partido dos Trabalhadores.

Exposição sobre Laudelina de Campos Mello
“Lavadeira”, Heitor dos Prazeres. Rio de Janeiro, década de 1960. Óleo sobre tela. Galeria Almeida e Dale. Imagem de divulgação.

Experiencia pessoal

A partir de sua experiência pessoal e das injustiças que observava ao redor, ela se tornou uma voz ativa na defesa dos direitos das trabalhadoras domésticas.

A ativista organizava bailes e eventos culturais para a população negra em geral e as trabalhadoras domésticas em específico, atuando como articuladora cultural e criando espaços de resistência e de fortalecimento comunitário em uma época marcada por grandes desigualdades sociais e raciais.

A exposição traz um olhar aprofundado sobre sua trajetória, destacando seu papel como líder cultural e política. Laudelina compreendia o trabalho doméstico como uma extensão da escravidão, um prolongamento de um sistema que continuava a marginalizar e a explorar mulheres negras.

Ela também compreendia que era na coletivo que se construía a luta por direitos e se fortalecia, destacando a importância da socialização.

A mostra também enfatiza a importância de suas ações culturais, como picnics que organizava para as trabalhadoras domésticas, proporcionando momentos de lazer e união para mulheres que, até então, eram excluídas desses espaços, e ocupando o espaço público de uma cidade segregada – Campinas – de forma pacífica.

A exposição também destaca como o trabalho doméstico, embora tenha sido reconhecido formalmente com a PEC das Domésticas em 2013, ainda é uma área de grande vulnerabilidade.

Esse cenário evidencia o legado de discriminação e desigualdade de oportunidades que Laudelina enfrentou ao longo de sua vida e que sua luta ajudou a transformar.

Em depoimento à pesquisadora Elisabete Pinto, cuja dissertação de mestrado foi referência fundamental para a exposição, Laudelina comenta que as trabalhadoras domésticas demoraram a ser consideradas enquanto categoria sob a alegação de que “não traziam economia para o país”, no que ela rebate:

“Nós trazemos a economia, eles saem para trabalhar, principalmente a classe média, eles têm que trabalhar fora e então passam a escravizar a empregada doméstica”.

Serviço

Abertura: 22 de março (sábado)
Local: IMS Poços – Rua Teresópolis, 90, Poços de Caldas, MG
Informações: (35) 3722-2776
Entrada gratuita

Exposição é Semana Pop

Fonte: IMS Instituto Moreira Salles

Saiba mais em:  Conheça um dos icônicos hotéis de Santorini

Veja mais vídeo:   Paul Van Dyk – From Then On World Tour 2017 – Brasil @ Audio club

Veja também:   Parárraiá recebe 150 mil pessoas

Siga Yuri Mine no Instagram: Yuri Mine

Acesse o Site de Yuri Mine

Lembrando que todo o conteúdo de artigos produzidos por terceiros, não é de responsabilidade do portal Semana Pop.

Compartilhe :

Deixe seu comentário