Mostra gratuita reúne cerca de 500 obras e documentos e traz ao Brasil o ícone “América Invertida”
O CCBB São Paulo recebe, a partir de 10 de dezembro, a exposição internacional “Joaquín Torres García – 150 anos”, inédita no país e com entrada gratuita, em cartaz até 9 de março de 2026. A mostra reúne cerca de 500 itens — entre pinturas, desenhos, manuscritos, maquetes, publicações, brinquedos de madeira e documentos — e apresenta pela primeira vez no Brasil um conjunto tão amplo e diverso do artista uruguaio, com peças que deixam as reservas do Museo Torres García especialmente para o circuito dos Centros Culturais Banco do Brasil.
Com curadoria de Saulo di Tarso em colaboração com o Museo Torres García, a exposição aprofunda o “universalismo construtivo” do artista e sua pedagogia da Escola do Sul, que defendia uma arte latino-americana enraizada em símbolos, referências e culturas locais, em vez de repetir modelos europeus ou norte-americanos. Nesse contexto, ganha destaque a célebre obra “América Invertida” (1943), em que o mapa do continente é desenhado de cabeça para baixo como gesto de afirmação do sul como horizonte, origem e lugar de pensamento — uma síntese visual da ideia “nosso norte é o sul”.
A mostra articula esse legado com o presente ao reunir empréstimos de instituições como o Museu de Arte Contemporânea de Barcelona, o Institut Valencià d’Art Modern, o Museo de la Solidaridad Salvador Allende, além de acervos brasileiros como MASP e Pinacoteca. O percurso destaca manuscritos, publicações históricas e cadernos que revelam Torres García como pensador, pedagogo e articulador de uma geometria com alma, em que símbolos como sol, peixe, casa ou barco funcionam como signos cósmicos mais do que simples figuras. Ao lado disso, a expografia de Stella Tennenbaum cria uma linha contínua que percorre o CCBB e culmina na instalação do ícone “América Invertida” em móbile na rotunda.
Dialogando com o pensamento decolonial da exposição, o CCBB apresenta ainda obras de artistas uruguaios e brasileiros que contestam, expandem ou ressignificam a herança de Torres García, entre eles Anna Bella Geiger, Cildo Meireles, Hélio Oiticica, Alfredo Volpi, Emmanuel Nassar, Arthur Bispo do Rosário e outros. A presença dos “Juguetes” — brinquedos de madeira criados pela família do artista — reforça a integração entre arte e vida, enquanto documentos e estudos ligam sua pesquisa à arqueologia, à arte pré-colombiana e à construção de um “universalismo do sul” que segue atual para pensar identidade, decolonialidade e o papel da arte no mundo contemporâneo.
SERVIÇO
Exposição: Joaquín Torres García – 150 anos
Local: CCBB São Paulo
Endereço: Rua Álvares Penteado, 112 – Centro
Data: 10 de dezembro de 2025 a 9 de março de 2026
Horário: das 9h às 20h, exceto às terças
Gratuito
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