Borderlands: um review do filme

Cate Blanchett é uma caçadora de recompensas na adaptação do popular videogame

O filme estreia hoje, 8 de agosto nos cinemas, trazendo também no elenco Kevin Hart, Ariana Greenblatt e Jamie Lee Curtis, que lutam pela sobrevivência no planeta sem lei Pandora, além de Jack Black dando voz a um robô brincalhão.

Borderlands Divulgação
Borderlands / Divulgação

Dentro das grandes adaptações para as telas derivadas de videogames, há sucessos de bilheteria como Sonic e The Super Mario Bros., franquias de longa duração como Resident  Evil e séries elogiadas como The Last of Us. Apoiado por seus fãs, até mesmo o criticado Assassin’s Creed fez boa bilheteria internacional. Mas há outros que provavelmente deveriam ter sido deixados no console, como o RPG de tiro em primeira pessoa Borderlands. O humor não é o ponto forte do diretor Eli Roth, mas também a constante troca de tiros, explosões e violência que salvam esta comédia de ação de ficção científica obsoleta e teimosamente desinteressante.

O grande mistério aqui é como um filme tão barulhento e sem graça conseguiu um elenco estelar, liderado por Cate Blanchett. Borderlands foi filmado em 2021, imediatamente antes de Blanchett fazer o Tár, em que interpreta a maestrina de mesmo sobrenome e que levou 6 indicações ao Oscar em 2023. As refilmagens em 2023 foram dirigidas por Tim Miller, já que Roth estava comprometido com outro filme.

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O projeto para o qual Blanchett e outros grandes nomes assinaram possivelmente parecia ser um pouco diferente, dado o número de roteiristas pelas quais passou. O mais notável deles pertence a Craig Mazin, um cocriador e coescritor de The Last of Us, que marotamente escolheu remover seu nome do projeto. O crédito do roteiro acabou indo para Roth e o estreante Joe Crombie, com especulações de que este último seja um pseudônimo.

Atenção, spoilers do filme

Em algum protetor de tela de abertura do sistema solar, aprendemos que uma raça alienígena avançada conhecida como Eridians já mandou em toda galáxia. Acredita-se que o vasto conhecimento da civilização extinta — incluindo tecnologia militar — esteja escondida em um cofre no planeta Pandora.

De acordo com uma profecia, uma filha de Pandora abriria o cofre um dia e restauraria a ordem no planeta, que foi dizimado por guerras de corporações de mineração. Agora é uma terra queimada por detritos industriais e resíduos químicos tóxicos, habitada por catadores de lixo, bandidos, gangues, caçadores de cofres e a opressiva milícia Crimson Lance. Pandora também é o lar das espécies mortais de debulhadores, monstros ferozes que parecem descendentes de uma mistura de Godzilla com tentáculos e um verme da areia de Duna.

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Blanchett interpreta Lilith, uma caçadora de recompensas fria como um pepino e com as maçãs do rosto tatuadas de um vermelho brilhante e um dedo rápido no gatilho, propensa a despachar rapidamente qualquer incômodo. Contra todos as melhores noços de bom senso, ela é coagida pelo obscuro senhor corporativo Atlas (Edgar Ramirez), ou um holograma problemático dele, a viajar para Pandora. Sua tarefa é resgatar a filha pré-adolescente desaparecida de Atlas, Tiny Tina (Ariana Greenblatt), que ele alega ter sido sequestrada por um membro de sua força de segurança.

“Odeio esse planeta”, diz Lilith ao chegar. “Eu deveria saber. Eu nasci aqui.” Isso significa muitas associações ruins e problemas não resolvidos, não que alguém deva esperar profundidade psicológica ou algum sentimento genuíno deste roteiro. Lilith, apesar de tentar de todas as maneiras, fica presa com Claptrap, um irritante robô de ferro-velho com uma única roda dublado por Jack Black, que constantemente diz as palavras ameaçadoras: “Estou programado para o humor”. O droide tagarela rapidamente a levam até Tina, uma demolidora com um suprimento aparentemente infinito de coelhinhos de pelúcia sujos, preparados para explodir. A caçador de recompensas só quer agarrar a garota e sair dali, mas sua tarefa acaba não sendo tão simples.

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A pequena Tina é menos irritante que Claptrap, mas ela havia se juntado ao soldado desonesto Roland (Kevin Hart) e Krieg (Florian Munteanu), um hulk semianalfabeto com uma máscara de gás que serve como seu protetor. Assim que eles param de tentar se matar, o bando de desajustados precisa fugir da Comandante Knox (Janina Gavankar) e seu esquadrão de capangas Crimson Lance.

O seja, se você não é um fã ou conhece ou videogame, já ficou completamente perdido, certo? Mas não acabou ainda: eles então recebem informações sobre um contato de Moxxi, a proprietário de um bar em cujo estilo parece ser “chá da tarde sexy do Chapeleiro Maluco”. Quando você imagina que a trupe está completa, a próxima a se juntar ao bando é a excêntrica Tannis (Jamie Lee Curtis), que depois disso funciona principalmente para avisar a todos sempre que uma coisa ruim está prestes a acontecer. Mas ela tem no longa o propósito único de mostrar a caçadora e recompensas uma pintura antiga que fez, de uma deusa eridiana com asas de fogo, virtualmente anunciada como o confronto final.

Cate Blanchett, Jamie Lee Curtis e Florian Munteanu em Borderlands
Cate Blanchett, Jamie Lee Curtis e Florian Munteanu em Borderlands / Divulgação

Se tudo isso soa como um Guardiões da Galáxia de baixo custo, enxertado no território de Mad Max com um pouquinho de Star Wars, é porque é exatamente isso, mas com uma estética visual suja que não ajuda muito. Perseguidos então por Knox e claramente destinados a um confronto com Atlas, cuja conexão com Tina não é bem o que ele alegou, os fugitivos vão de tiros pra todo lado.

Com personagens unidimensionais — não muito mais do que avatares gamers estereotipados — o filme nunca nos deixa realmente interessados na sua sobrevivência ou em sua busca para chegar ao cofre. Isso também significa que, quando a loba solitária Lilith desenvolve sentimentos maternais em relação a Tina, a emoção parece mecânica de script programado, pouco convincente e real, acompanhada de fogos de artifício, literalmente.

A narrativa confusa do filme está tão ansiosa para chegar à próxima explosão, sempre amplificada pela trilha sonora e muitos efeitos especiais de baixa qualidade, que torna o trabalho para os atores ingrato. Blanchett parece gostar de andar por aí com roupas de couro justas com coldres amarrados nos quadris, pronta para mais alguns tiros, mas o papel é mal desenhado, cortado de um modelo familiar de figuras de ação femininas duronas, cínicas e de cabeça fria.

Cate Blanchett em Borderlands
Cate Blanchett em Borderlands / Divulgação

O excelente humor de Hart, que poderia até ajudar a salvar o longa, é contido, talvez seja porque seus diálogos são vagos e desinteressantes, e o trabalho de voz de Black é irritante e sem graça, piorado pela insistência de Claptrap dançar e cantar a todo momento. Quando uma comédia depende de risadas promovidas por um robô levando tiros e depois defecando balas, dá para saber que o filme tem problemas. Pode ate funcionar em momentos isolados num game, mas na tela do cinema é outra história.

Imagino que fãs de longa data do videogame possam até gostar de Borderlands, mas não dá pra contar só com isso para se pagar o investimento feito no filme. Em determinado momento do longa, Claptrap retorna ao modo operacional após um ataque de armamento pesado e diz: “Eu apaguei. Aconteceu alguma coisa importante?”. Infelizmente, se você dormir, não se preocupe. Não aconteceu nada neste filme que você possa ter perdido.

A crítica é do THR. Se quiser ler a matéria original, está aqui.

 

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