Assistir a série vale muito a pena, e traz novas possibilidades no universo de James Gunn

Depois da minha total desistência em assistir Rebel Moon versão do diretor, fui ansioso assistir a estreia da nova animação do Batman, que já havia falado aqui.
Herdeira, sem discussão, do estilo da clássica série animada (1992-1995), as histórias se passam em uma Gotham City retrô, não tecnológica, com um Batman com uma pegada muito mais de detetive, mas não menos eficiente com os punhos.
Os episódios são viciantes, e todos aqueles personagens que amamos (ou não) estão de volta: Alfred, Comissário Gordon, Bárbara Gordon, Detetive Bullock e seu comparsa policial Flass, Renee Montoya e Rupert Thorne, entre outros. E a galeria de vilões também é boa, e sobre ela vamos falar um pouco mais adiante.
Se você não assistiu a série, daqui para frente contém spoilers, ok?
O Batman é o sempre bom e velho morcegão de sempre, um garoto atormentado pelo assassinato de seus pais, que quer se vingar do crime fazendo justiça e enchendo os bandidos de porrada sempre que pode. Alfred é o eterno mordomo. Gostei muito de como foi a evolução dos personagens na série, de início Bruce Wayne/Batman, apesar de ter o mordomo muito mais do que um parceiro/companheiro, trata-o apenas pelo sobrenome (Pennyworth). Com o desenrolar dos episódios, dos acontecimentos e evolução dos personagens, nos últimos episódios o patrão Bruce passa a chamá-lo carinhosamente pelo nome, Alfred. Uma mudança sutil, mas bem-vinda que acontece durante o episódio 06, entitulado Passeio Nortuno.
Alfred dá um a ajuda ao Batman sempre que pode / DivulgaçãoEste episódio em específico, é diferente dos outros, pois introduz o tema sobrenatural na série, com a presença de Papa Meia-Noite (caso não se lembre dele, foi interpretado por Djimon Hounsou no filme Contantine). Isso pode ser muito interessante, e quem sabe uma ligação não só com o universo de John Constantine, mas também com a Liga da Justiça das Trevas, o que traria personagens e possibilidades novas para serem exploradas com o sombrio e noturno Batman. Liga da Justiça Sombria possui duas animações, uma de 2017 e outra de 2020, e prometo falar mais sobre Constantine e seu universo outro dia.

Falando dos vilões, o primeiro que aparece é a Pinguim. Sim, A Pinguim! Gostei da mudança e pode dar uma nova dimensão a um personagem, mas se a intenção de James Gunn é ter uma consistência nos personagens da DC em todas as mídias, pode ser uma péssima notícia para Collin Farrel e seu personagem, tanto nos filmes de Matt Reeves como na série da Max que estreia em breve.

Outro que aparece logo nos primeiros episódios é Cara de Barro. Legal a abordagem mais psicológica dada ao personagem, bem diferente do fortão deformado que normalmente é apresentado. Intrigante e perturbado, pode oferecer coisas boas na segunda temporada.

Também já temos a primeira baixa, o Mariposa. Num episódio que expõe a podridão na polícia de Gotham, o personagem é morto no episódio pela dupla de detetives corruptos Bullock e Flass. Como nos quadrinhos o Mariposa original foi substituído por outra pessoa, ainda há esperança de o personagem retornar, e adicionar um toque de vingança pessoal em sua psique incendiária e perturbada.

E temos o personagem que vai dar o que falar: Arlequina. Desde a sua introdução na série animada clássica, a personagem passou por algumas mudanças, principalmente depois que estreou no cinema no filme “Esquadrão Suicida”. No longa, Will Smith queria que seu Pistoleiro não fosse exatamente um bandido, mas quem roubou a cena e o sucesso do filme foi a personagem interpretada por Margot Robbins. Depois disso, ela talvez também tenha batido o pé para que o estúdio fizesse o mesmo proposto por Will para Arlequina, e pudemos ver a transformação para anti-herói da ex-comparsa do Coringa em Esquadrão Suicida 2 e principalmente em Arlequina em Aves de Rapina. Talvez o marketing e a evolução do personagem tenham tentado dar as mãos, afinal vender bonecos e merchandising de vilões (a exceção do Coringa), é muito difícil. Falando nele, o arqui-inimigo do morcego dá somente um vislumbre de sua aparência, no último episódio, então há pouco a se falar e muito do que se esperar na próxima temporada.

Na série, é alterada completamente a origem da personagem Arlequina: ela continua sendo uma psiquiatra, mas ao invés de ter sua mente distorcida por sua relação com o palhaço do crime e se tornar sua amante e comparsa, a doutora Harley Quinn simplesmente desenvolve uma síndrome de Robin Hood, aprisionando e fazendo uma lavagem cerebral em seus clientes bilionários para que que eles doem suas fortunas malvadas para a caridade. Não posso dizer que gostei, mas como o personagem foge da cidade após alguns episódios, difícil saber qual seu futuro não só na série, mas no novo universo DC unificado, como citei quando falava da Pinguim. Arquelina aqui não é violenta e insana, mas fria, calculista e com um temor de fazer mal a inocentes que nada tem a ver com sua causa, bem diferente da antiga psicopata tradicional que pessoalmente amo. Assistam ao episódio 05 (chamado Olhar Penetrante) e tirem suas conclusões.

E chegamos a dois personagens bem conhecidos e que na série são ambíguos. Mulher Gato e Duas Caras. Mulher Gato também tem sua origem alterada, de jovem órfã que foge do orfanato, para uma rica cleptomaníaca mimada que quer manter seu Status Quo a qualquer custo. O personagem continua com a aquela aura sensual, assim como o tradicional interesse amoroso e o uniforme clássico de saia preta e roxo, se tornando uma ladra de joias como nos primeiros anos da personagem dos quadrinhos.

E há Harvey Dent, o promotor público de Gotham City e amigo próximo de Bruce Wayne. Dent quer ser prefeito e se deixa aliciar por Rupert Thorne. Porém sua ética o impede de ser corrompindo em um julgamento, e por isso tem metade do seu rosto desfigurado por ácido, o levando a uma crise de dupla personalidade. Diferente do que comumente é mostrado do personagem, Dent não se torna um criminoso e sim um homem perturbado procurando por vingança. Sua saga percorre toda a série, e os dois últimos episódios finalizam sua participação. Vamos aguardar a segunda temporada e ver quais caminhos o personagem irá percorrer.

Vale aqui também citar dois personagens que fazem aparições no episódio 8: Noturna, que passa por uma transformação radical nesta série, apresentada como uma criança que desafia o código moral do Batman. Sua situação trágica, sequestrando outras crianças para se alimentar, e incapaz de controlar sua natureza vampírica, força Batman a enfrentar a complexa balança entre justiça e compaixão. A decisão do Cavaleiro das Trevas de levá-la a um hospital para estudo, em vez do encarceramento tradicional, destaca a abordagem sutil e psicológica de alguns dos personagens da série.

Ainda neste episódio, encontramos Killer Croc, o Crocodilo, que faz apenas uma aparição rápida como parte de um circo de pessoas bizarras que passa por Gotham. Embora sua presença esteja marcada pela surra que dá em Bruce Wayne, apenas serve mais como uma provocação do potencial do personagem do que como uma aparência completa de vilão, o que pode acontecer na segunda temporada. Vamos esperar.

E você já assistiu? O que achou? Gostei muito, e dez episódios não conseguiram saciar a minha vontade de ver o morcegão em ação. Será que vou precisar de um ano para os próximos episódios?
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Entenda porque deixei de assistir Rebel Moon versão do diretor,
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