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‘A Guerra do Fim do Mundo’ no Sesc

Sob direção de Hiroshi Koike, artistas do Brasil e do Japão estreiam espetáculo inspirado em livro sobre a Guerra de Canudos

‘A Guerra do Fim do Mundo’ no Sesc
Fotos de João Caldas F

Diante do avanço das IAs (inteligências artificiais) e do surgimento de guerras em todo o mundo, faz-se necessário questionar: o que é o ser humano e para onde a humanidade está caminhando?

E este é justamente um dos cernes de Saudade na Miragem, com direção e dramaturgia do japonês Hiroshi Koike, que tem sua temporada de estreia no Sesc Vila Mariana, de 30 de novembro a 15 de dezembro, com apresentações de quarta a sábado, às 21h; e aos domingos, às 18h.

O espetáculo questiona a relação entre religião, espiritualidade, conflito, e a ambivalência da justiça, propondo uma visão do futuro inspirada pelo livro A Guerra do Fim do Mundo, de Mario Vargas Llosa, que se debruça sobre a Guerra de Canudos, ocorrida no sertão da Bahia, entre 1896 e 1897.

Danilo Dal Farra, Eduardo Okamoto, Fernando Lufer, Jéssica Barbosa, João Guisande, Júlio Lorosh, Paulo Sokobauno e Yana Piva compõem o elenco de artistas do Brasil, enquanto Jinya Imai e Ichiya Nishikawa são artistas japoneses que integram o time.

Os artistas do Brasil foram selecionados a partir de uma audição que contou com 384 inscrições.

“Movido pela arte do encontro, o Sesc recebe a estreia de Saudade na Miragem, do diretor Hiroshi Koike, cuja presença se dá a partir da longeva parceria com a Fundação Japão São Paulo, dando início às celebrações dos 130 anos do tratado de amizade entre Brasil e Japão, reverberando tanto a pluralidade da cultura japonesa quanto desdobramentos próprios das relações interculturais”, afirma Luiz Deoclecio Massaro Galina, diretor do Sesc São Paulo.

‘A Guerra do Fim do Mundo’ no Sesc
Fotos de João Caldas F

Projeto Firebird

O espetáculo faz parte do projeto Firebird e faz residência no CPT – Centro de Pesquisa Teatral.

A iniciativa lançada em 2022, que busca refletir sobre o futuro do mundo a partir de diferentes culturas, propõe a criação e colaboração entre artistas e músicos de diferentes origens da Ásia, Europa e América do Sul.

“O objetivo do projeto é sugerir a coexistência e celebrar as diferenças.

Ser capaz de imaginar a coexistência é mais importante do que nunca, neste momento que o mundo está mudando rapidamente e enfrenta uma crise que afeta todo o planeta Terra.

Firebird é um projeto para imaginar o renascimento humano diante do caos, da guerra e da destruição”, explica Koike.

A cada ano, o projeto cria uma nova performance dirigida por Koike em um desses lugares.

O primeiro trabalho surgiu na Polônia, em 2022, e trouxe à cena uma versão do romance “Kosmos”, de Witold Gombrowicz. Em 2023, a segunda etapa se inspirou no clássico grego, a “Odisséia”, de Homero, com artistas na Malásia.

Agora temos a estreia no Brasil e a última montagem será no Japão, em 2025.

A montagem no Brasil é o terceiro trabalho do projeto e discute o tema “Destruição e Nascimento – Como poderemos seguir como seres humanos?”.

Aqui, a iniciativa conta com o apoio da Fundação Japão (acho que podemos padronizar “Fundação Japão em vez de “Fundação Japão São Paulo”, que aparece nas aspas do Galina, o que acha?, produção da Périplo e realização da Hiroshi Koike – Bridge Project e do Sesc em São Paulo.

O diretor Hiroshi Koike conta que escolheu o Brasil para a coprodução porque já havia trabalhado com artistas brasileiros na década de 2000 e, a partir dessa experiência, sentiu uma profunda afeição pela cultura brasileira e pela coexistência no país entre pessoas de diferentes etnias e grupos.

“O Brasil é realmente o país mais avançado do mundo no processo de se tornar multicultural e multiétnico.

O Japão está próximo do exato oposto. A sociedade brasileira define a diversidade em pessoas, cultura e filosofia.

O que vemos no país pode ser uma pista para a direção da humanidade à medida que nos tornamos mais diversificados e globalizados.

Eu queria criar com artistas brasileiros na terra e na cultura onde artistas como Glauber Rocha, Cartola e Sebastião Salgado viveram.

Fui fortemente influenciado e inspirado por sua ousadia”, relata o diretor.

O caminho leva a uma compilação de todos esses trabalhos para criar uma nova obra, que será apresentada em Kyoto e Tóquio, no Japão, em 2025.

‘A Guerra do Fim do Mundo’ no Sesc
Fotos de João Caldas F

Revisitando Canudos

Saudade na Miragem é inspirado na Guerra de Canudos, conflito armado que ocorreu no interior da Bahia, entre 1896 e 1897.

Na ocasião, o exército brasileiro, pressionado por latifundiários da região, dizimou milhares de pessoas lideradas pelo peregrino Antônio Conselheiro, que buscava uma salvação milagrosa para a grave crise econômica, social e hídrica enfrentada pela população.

O espetáculo se passa no futuro, de onde falam pessoas mortas, o que permite um trânsito de tempos e uma combinação de realidades que inclui passado e presente, sem a necessidade de situar geograficamente ou de muita especificidade.

Nesse sentido, a Guerra de Canudos, ou o livro de Mario Vargas Llosa, A guerra do fim do mundo, interessam mais pela narrativa épica, que é um tema perseguido por Hiroshi em todos os espetáculos do projeto Firebird.

O espetáculo não se propõe a resgatar fidedignamente o episódio histórico, mas lança um olhar para esse evento como um espelho das lutas contemporâneas, interligando questões como a memória coletiva, a dor e a regeneração.

A ideia é reimaginar de forma criativa a obra e os personagens de Mario Vargas Llosa em “A Guerra do Fim do Mundo”.

Sobre a escolha dessa história, o diretor Hiroshi Koike comenta: “Para os brasileiros, a Guerra de Canudos é um evento que representa um profundo desconforto, como um osso atravessado na garganta.

Da mesma forma, a Guerra do Pacífico, o terremoto de Tohoku em 2011 e o acidente na usina nuclear de Fukushima devem ser sempre questionados pelos japoneses. Por que tudo isso aconteceu?

Nesse sentido, Canudos não é um problema distante, mas uma possibilidade que pode ocorrer em qualquer lugar do mundo”.

A narrativa é composta por personagens complexos que representam a diversidade e os conflitos da experiência humana.

Através de uma linguagem teatral que mistura elementos de diversas tradições artísticas, o espetáculo explora a tensão entre caos e harmonia, questionando o que significa viver em um mundo tão fragmentado.

Em meio a uma realidade global marcada por crises e divisões, “Saudade na Miragem” propõe uma visão de futuro que busca as “possibilidades de viver”.

A obra convida o público a embarcar em uma jornada de autoconhecimento e entendimento, enfatizando a importância do diálogo e do respeito entre diferentes culturas.

Ao final, a peça não só revisita o passado, mas também aponta para um caminho de esperança e regeneração em tempos difíceis.

O encenador ainda revela que a proposta do espetáculo é “refletir sobre novas formas de futuro, inspirando-se tanto nos eventos reais quanto na ficção, enquanto se expressa a grandeza de um universo em que humanos que nunca se misturam começam a se entrelaçar.

Essa visão do mundo pode ser entendida como a percepção do lugar onde reside a possibilidade que emerge do amor infinito.

E ao confrontar esse amor infinito e a força que dele decorre, o ser humano pode sucumbir à loucura, e a justiça, de fato, pode desaparecer completamente”.

“Confrontos, conflitos, guerras, enquanto as pessoas têm o potencial para o diálogo, o respeito e a harmonia.

Por meio do ato de criar com artistas que normalmente não estariam juntos no palco, o projeto visa demonstrar a possibilidade de um mundo harmonioso”, acrescenta.

Sobre Hiroshi Koike

Diretor, dramaturgo, coreógrafo e diretor de cinema, Hiroshi Koike nasceu na cidade de Hitachi, província de Ibaraki, no nordeste do Japão.

Ele fundou a companhia Pappa TARAHUMARA em 1982, com o qual escreveu, dirigiu e coreografou 55 produções ao longo de 30 anos.

Em 2012, lançou o Hiroshi Koike Bridge Project (HKBP), cuja missão é produzir projetos colaborativos sobre educação, disseminação e criatividade, criando pontes entre diferentes entidades.

Com o grupo, ele escreveu, dirigiu e coreografou 25 produções até o momento.

Dirigiu trabalhos em 16 países e suas produções foram apresentadas em outros 41 territórios.

Seus trabalhos foram assistidos em vários teatros internacionais e estiveram em inúmeros festivais internacionais de teatro.

No começo dos anos 2000, apresentou no Sesc em São Paulo espetáculos como Ship In a View (Navio à Vista) e Three Sisters (As Três Irmãs).

Sobre o Centro de Pesquisa Teatral

O Centro de Pesquisa Teatral foi criado em 1982, sediado no Sesc Consolação,  como laboratório permanente de criações teatrais, formação de atrizes, atores, dramaturgas e dramaturgos.

Ao longo de quatro décadas, ganhou reconhecimento da crítica e de seus pares no Brasil e em outras partes do mundo como referência no fazer teatral.

Foi coordenado por Antunes Filho por 37 anos, período no qual formou mais de mil profissionais das artes cênicas e apresentou 46 espetáculos.

Em 2020, passado um ano da morte do diretor, o CPT expandiu suas ações em busca do constante desenvolvimento que o teatro contemporâneo exige, mantendo o diálogo com o seu legado.

A programação apresenta ciclos de debates, mostras digitais, residências, cursos, podcasts, oficinas, entre outras atividades, com artistas e técnicos de diversas formações e instâncias da produção teatral, a fim de buscar a realização de um trabalho interdisciplinar a que sempre se propôs o CPT_Sesc.

‘A Guerra do Fim do Mundo’ no Sesc
Fotos de João Caldas F

Sinopse

“Saudade na Miragem” questiona a relação entre religião, espiritualidade, conflito, e a ambivalência da justiça. Inspirada no livro “A Guerra do Fim do Mundo”, de Mario Vargas Llosa, que se debruça sobre a Guerra de Canudos, ocorrida no sertão da Bahia no final do século XIX a obra reimagina este evento histórico como um espelho das lutas contemporâneas, interligando questões como a memória coletiva, a dor e a regeneração.

A narrativa é composta por personagens complexos que representam a diversidade e os conflitos da experiência humana.

Através de uma linguagem teatral que mistura elementos de diversas tradições artísticas, o espetáculo explora a tensão entre caos e harmonia, questionando o que significa viver em um mundo tão fragmentado.

Ficha Técnica

Idealização: Hiroshi Koike Bridge Project – Odyssey

Concepção, Roteiro e Direção Geral: Hiroshi Koike

Elenco: Danilo Dal Farra, Eduardo Okamoto, Fernando Lufer, Jéssica Barbosa, João Guisande, Julio Lorosh, Jinya Imai, Ichiya Nishikawa, Paulo Sokobauno e Yana Piva

Composição e Execução Musical: Gregory Slivar

Arte/Cenografia: Renato Bolelli Rebouças

Figurino: Juliana Bertolini

Vídeos/Projeções: Ivan Soares

Iluminação: Gabriele Souza

Desenho de Som: Alê Martins

Caracterização: Amanda Mantovani

Assistência de Direção: Marie Kuroda, Maria Lívia Goes

Assessoria de imprensa: Pombo Correio

Produção Executiva: Laís Machado

Coordenação de Produção: Adolfo Barreto

Direção de Produção: Marie Kuroda e Pedro de Freitas

Produção Geral: SAI Inc. e Périplo

Apoio Institucional: Fundação Japão em São Paulo

Subsídio: Departamento para Assuntos Culturais, Governo do Japão, Conselho de Artes do Japão

Financiamento: The Japan World Exposition 1970 Commemorative Fund – KANSAI OSAKA 21st Century Association

Realização: Sesc SP, SAI Inc. e NPO Bridge for the Arts and Education

Serviços Saudade na Miragem

De 30/11 a 15/12
Quarta à Sábado às 21h – Domingo às 18h
Teatro Antunes Filho – Sesc Vila Mariana
Classificação: 12 anos

Ingressos: Os ingressos estarão disponíveis no aplicativo Credencial Sesc SP a partir do dia 19/11 ás 17h e no dia 21/11 às 17h, nas bilheterias da rede Sesc. R$ 21 (credencial plena); R$ 35 (estudante, servidor de escola pública, idosos, aposentados e pessoas com deficiência) e R$ 70 (inteira)

Sesc Vila Mariana | Informações
Endereço: Rua Pelotas, 141, Vila Mariana – São Paulo

Central de Atendimento (Piso Superior – Torre A): terça a sexta, das 9h às 20h30; sábados, domingos e feriados, das 10h às 18h (obs.: atendimento mediante a agendamento).

Bilheteria: terça a sexta, das 9h às 20h30; sábado, das 10h às 18h e das 20h às 21h; domingos e feriados, das 10h às 18h.

Estacionamento: R$ 8,00 a primeira hora + R$ 3,00 a hora adicional (Credencial Plena: trabalhador no comércio de bens, serviços e turismo matriculado no Sesc e dependentes). R$ 17 a primeira hora + R$ 4,00 a hora adicional (outros). 125 vagas.

Paraciclo: gratuito (obs.: é necessário a utilização travas de seguranças). 16 vagas
Informações: 5080-3000

Teatro é Semana Pop

Fonte: Pombo Correio Assessoria de Comunicação

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