Marianne Vic lança O príncipe da Babilônia e desmonta o mito

Biografia íntima revela o lado obscuro de Yves Saint Laurent sem apagar seu brilho

O príncipe da Babilônia, novo livro de Marianne Vic, oferece um retrato sem verniz de Yves Saint Laurent, costurando infância argelina, traumas e ascensão meteórica para iluminar o homem por trás do mito. Sobrinha do estilista e próxima de Pierre Bergé, a autora parte da Argélia francesa e de violências formativas para explicar ambição, autossabotagem e genialidade que moldaram uma das mentes mais decisivas da alta-costura do século XX.

Longe da hagiografia, Marianne intercala glória e desolação: ateliê, noites, amores, vícios, colapsos e reinvenções, numa prosa que alterna elegância e contundência. A residência da rue de Babylone funciona como palco recorrente, onde segredos de criação, de alcova e de poder compõem a urdidura de um personagem que refinou o desejo contemporâneo e pagou caro por sua própria lenda.

A autora argumenta que fama e riqueza amorteceram dores sem jamais silenciá‑las, e reconstitui a “economia afetiva” de YSL: desprezo e auto‑ódio convertidos em forma, tecido, gesto, perfis que atravessam décadas. O mito sobrevive, mas agora ladeado por zonas de sombra que lhe dão relevo — e que ajudam a pensar a moda como lugar de cultura, violência simbólica e invenção.

Marianne Vic, nascida em 1965, publicou Les Mutilés (2013), Rien de ce qui est humain n’est honteux (2018) e Guerre et Père (2020). O príncipe da Babilônia venceu o prêmio Pampelonne Ramatuelle em 2023 e chega ao leitor em tradução que preserva o timbre íntimo de quem esteve perto — o suficiente para amar e para ferir — um dos príncipes mais inquietantes da modernidade.

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