Finca-pé: estórias da terra, de Antonio Obá, continua em cartaz no CCBB Rio

“A terra pode ser o chão, pode ser Cerrado, pode ser planeta, pode ser um jardim imaginário ou um jardim interior do individuo.
A experiência de caminhar pela exposição é a de transitar por essa multiplicidade”, ilustra a curadora.
Com um conjunto expressivo de mais de 50 obras, Finca-pé: estórias da terra expressa o universo simbólico e material que atravessa a trajetória de Obá, um dos mais relevantes artistas contemporâneos brasileiros, cuja produção tem conquistado reconhecimento na Europa, Estados Unidos, Brasil e outras partes do mundo.
Seus trabalhos transitam entre escultura, desenho, pintura e performance, explorando relações de influência e contradições dentro da construção cultural do Brasil, tensionando a ideia de uma identidade nacional.
“Poder contribuir para aproximar o público do trabalho de Antonio Obá dentro do país é dar oportunidade ao brasileiro de se conectar com sua obra, que carrega muita brasilidade e ao mesmo tempo grande universalidade”, observa Sueli Voltarelli, Gerente Geral do Centro Cultural Banco do Brasil Rio de Janeiro.
“A exposição oferece uma oportunidade para refletir sobre suas investigações, marcadas por uma ampla diversidade de linguagens, que revelam os desdobramentos poéticos e a pesquisa formal feita pelo artista”, complementa a curadora, que define Finca-pé: estórias da terra como um convite a mergulhar no pensamento artístico de Obá, em constante transformação e permeado de alegorias.
Uma primeira galeria do CCBB propõe uma experiência mais intimista, reunindo desenhos de forte gestualidade, que evocam movimento e convidam o visitante a se aproximar das obras.
Muitas dessas criações foram produzidas com grafite, giz de cera, extrato de nós, bico de pena e nanquim dourado.
No mesmo espaço, cadernos de estudos revelam anotações, esboços e o processo contínuo do artista.
O segundo conjunto de desenhos, em outra galeria, compõe a série Crianças de coral – nigredo/coivara (2024-2025).
São 12 retratos de crianças em carvão sobre tela (imagem no topo do texto).
Para produzir as obras, Antonio Oba reduz o carvão a pó e manipula as camadas fazendo emergir as imagens espessas dos retratos, uma rara oportunidade de o público imergir no universo gráfico do artista.
No percurso, o visitante do CCBB se depara também com a marcante Ka’a pora (2024), uma das obras centrais da mostra.
A instalação, composta por 24 esculturas de pés em bronze adornados com galhos, evoca a conexão de Obá com sua terra natal.
Também faz referência à grandiosidade cíclica das árvores que passam por fases de floração, frutificação, estiagem e seca, marcações temporais características do cerrado.
“É uma obra que se relaciona com a resistência, mas também com a forma como o Cerrado se renova após períodos de seca e queimadas, voltando ao verde com a primeira chuva”, descreve ele.
“Ka’a pora reflete a própria natureza e como a resistência pode ser incorporada à experiência humana, renovando-se constantemente”, completa.
De acordo com Fabiana Lopes, Ka’a pora se conecta diretamente com o filme Encantado, inédito no Brasil, e que marca o retorno de Obá à linguagem de performance.
Encantado convida o público a refletir sobre símbolos e rituais, principalmente aqueles ligados a práticas espirituais e religiosas.
O artista se inspira na figura do peregrino – aquele que caminha para cumprir uma promessa – e transforma essa jornada em uma experiência visual e sensorial.
Diálogo com a materialidade da terra:
A mostra amplia a evocação do Cerrado e seus elementos simbólicos por meio das obras do artista convidado, o mineiro Marcos Siqueira.
Natural da Serra do Cipó, ele faz seu trabalho a partir da terra, tanto no aspecto material – criando seus próprios pigmentos a partir do solo – quanto no universo poético que envolve seus personagens.
Suas obras expandem os sentidos da exposição, criando um campo de investigação que entrelaça matéria e lirismo.
A exposição Finca-pé: estórias da terra ocupará o segundo andar do CCBB Rio de Janeiro e tem patrocínio do Banco do Brasil, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura.
A realização é do Ministério da Cultura e do Centro Cultural Banco do Brasil, com produção da Magnólia Produtos e Artefatos Culturais.
SOBRE O CCBB RIO DE JANEIRO
Inaugurado em 12 de outubro de 1989, o Centro Cultural Banco do Brasil Rio de Janeiro marca o início do investimento do Banco do Brasil em cultura.
Instalado em um edifício histórico, projetado pelo arquiteto do Império, Francisco Joaquim Bethencourt da Silva, é um marco da revitalização do centro histórico da cidade do Rio de Janeiro.
São 35 anos ampliando a conexão dos brasileiros com a cultura com uma programação relevante, diversa e regular nas áreas de artes visuais, artes cênicas, cinema, música e ideias.
Quando a cultura gera conexão ela inspira, sensibiliza, gera repertório, promove o pensamento crítico e tem o poder de impactar vidas.
A cultura transforma o Brasil e os brasileiros e o CCBB promove o acesso às produções culturais nacionais e internacionais de maneira simples, inclusiva, com identificação e representatividade que celebram a pluralidade das manifestações culturais e a inovação que a sociedade manifesta. Acessível, contemporâneo, acolhedor, surpreendente: pra tudo que você imaginar.

Exposição: Finca-pé: estórias da terra
Período: Até 02 de junho de 2025
Funcionamento: de quarta a segunda, das 09h às 20h (fecha às terças)
Entrada gratuita
Local: Centro Cultural Banco do Brasil Rio de Janeiro
Endereço: R. Primeiro de Março, 66 – Centro, Rio de Janeiro
Exposição é Semana Pop
Fonte: Agência Galo
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